A Ilha de Moçambique localiza-se na província de Nampula, norte de Moçambique. Viajar para Ilha de Moçambique, significa conhecer o berço do nome do País Moçambique cuja capital localiza-se no então Lourenço Marques, agora Maputo.
O trajecto para a Ilha de Moçambique, um dos maiores parques turísticos da província de Nampula, é feito via terrestre num percurso de cerca de 200 quilómetros a partir da capital provincial, aéreo até no aeródromo do Lumbo e marítimo a partir de qualquer parte do mundo.
O aspecto arquitectónico das suas casas, faz da Ilha de Moçambique, um verdadeiro Património Mundial da Humanidade, declarado pela UNESCO em 1991.
A Ilha tem cerca de 3 km de comprimento e 300 à 400 m de largura e está orientada no sentido nordeste-sudoeste à entrada da Baía de Mossuril, a uma latitude aproximada de 15º02′ S e longitude de 40º44′ E. A costa oriental da Ilha estabelece com as ilhas irmãs de Goa e de Sena (também conhecida por Ilha das Cobras) a Baía de Moçambique. Estas ilhas, assim como a costa próxima, são de origem coralina.
Arquitetonicamente, a Ilha está dividida em duas parcelas: a “cidade de pedra e cal” onde vive a elite governamental e a “cidade de macuti”. Esta última onde encontra-se concentrada a maior parte da população. A primeira tem cerca de 400 edifícios, incluindo os principais monumentos, e a segunda, na metade sul da ilha, tem cerca de 1200 casas de construção precária. No entanto, muitas casas de pedra são igualmente cobertas com macuti, uma palha proveniente do coqueiro.
A Ilha de Moçambique está ligada ao continente por uma ponte com cerca de 3 km de comprimento, construída nos anos 1960.
“Onhipiti” tal como os nativos chamam, um nome que parece ser derivado de Mussa Ben-Bique, ou Mussa Bin-Bique, ou ainda Mussa Al-Mbique (Moisés filho de Mbiki) que pouco se sabe sobre a sua história, conta com uma população de 65 mil habitantes que na sua maioria professam a religião muçulmana. Apenas 1/3 são da religião cristã.
A história de Moçambique e alguns sites da internet como por exemplo a Wikipédia, a enciclopédia livre, relata que Quando Vasco da Gama chegou, em 1498, a Ilha de Moçambique tornara-se uma povoação suaíli de árabes e negros com seu xeque, subordinado ao sultão de Zanzibar e continuava a ser frequentada por árabes que prosseguiam o seu comércio de séculos com o Mar Vermelho, a Pérsia, a Índia e as ilhas do Índico.
A ilha de Moçambique ganhou uma importância estratégica como escala de navegação da carreira da Índia que ligava Lisboa a Goa, tornando-se um dos pontos de encontro das embarcações eventualmente desgarradas na viagem de ida, assim como porto de ancoragem das que eventualmente se atrasassem e perdessem a monção. Onde na Ilha é hoje o Palácio dos Capitães-Generais, fizeram os portugueses a Torre de São Gabriel no ano de 1507, data em que ocuparam a Ilha, construindo a pequena fortificação que tinha 15 homens a proteger a feitoria nela instalada.
A Capela de Nossa Senhora do Baluarte, construída em 1522 na extremidade norte da ilha, a mais próxima da Ilha de Goa, é o único exemplar de arquitetura manuelina em Moçambique.
Em 1558 principiou a construção da Fortaleza de São Sebastião – totalmente com pedras que constituíam o balastro dos navios, algumas das quais ainda se vêm na praia próxima – que só terminou em 1620 e é a maior da África Austral. Esta fortaleza era muito importante, porque a Ilha tinha-se tornado o entreposto da permuta de panos e missangas da Índia por ouro, escravos, marfim e pau-preto de África, e era da Ilha que partiam todas as viagens comerciais para Quelimane, Sofala, Inhambane e Lourenço Marques. Por este motivo, os árabes não queriam perder os privilégios comerciais que tinham adquirido ao longo dos séculos.
Para além dos portugueses outros concorrentes europeus apareceram na corrida pelo controlo das rotas comerciais. Os franceses conseguiram assumir o papel de intermediários do negócio da escravatura para as ilhas do Índico; os ingleses começavam a controlar as rotas de navegação nesta região; e os holandeses tentaram a ocupação da Ilha em 1607-1608 e, não o conseguindo, devastaram-na pelo fogo.
A reconstrução da vila foi difícil, uma vez que o governo colonial não existia senão para cobrar impostos e estava muito mais interessado nas terras de Sofala. Entretanto na Zambézia tinham-se institucionalizado os Prazos da Coroa, e o desenvolvimento do comércio do ouro naquela região leva a que a Ilha perca a sua primazia. Então, os cristãos decidiram fundar na Ilha uma Santa Casa da Misericórdia que funcionaria como Câmara Municipal, para a defesa dos cidadãos e da terra, até 19 de Janeiro de 1763, ano em que a povoação passou a vila. Esta viragem resultou da decisão do governo colonial em separar a colónia africana do Estado da Índia e criar uma Capitania Geral do Estado de Moçambique baseada na Ilha, a 19 de Abril de 1752. A vila voltou a prosperar e a 17 de Novembro de 1818 é elevada a cidade.
A exportação de escravos era o principal comércio da Ilha, tal como do Ibo, mas a Independência do Brasil em 1822, que era o principal destino deste comércio, causou o seu colapso económico. O golpe final foi a passagem da capital da colónia para Lourenço Marques, em 1898. Depois da abertura do porto de Nacala, em 1970, a ilha perdeu o que restava da sua importância estratégica e comercial.
Hoje, a Ilha de Moçambique foi transformada num atrativo de turístico de bandeira da província de Nampula e do país, não só pela sua imponente história, bem assim, pelas diversidades culturais e religiosas de se pode assistir.
Os nativos sobretudo as mulheres, incrementaram o seu valor cultural e turístico ao criar algumas manifestações culturais típicas da região costeira, como por exemplo, o Mussiro, o tufo e a Capulana, para além das suas iguarias que são deliciosas para qualquer visitante.
A ilha de Moçambique, tornou-se nos últimos dois seculos, um dos lugares mais visitados pelos turistas nacionais e estrangeiros, uma vez que oferece um mosaico cultural de gabarito internacional.
Este ano, a cidade de pedra e cal que hoje foi estendida para zona continental como distrito, irá celebrar os 200 anos desde que foi elevado a categoria de cidade em 1818. O governo, os trabalhadores da então camara Municipal, hoje Conselho Municipal, aguardam com enorme expectativa a chegada de vários visitantes oriundos de todos quadrantes do mundo.
Visitar a ilha de Moçambique é conhecer onde mora a história da humanidade.
Museu de arte da Ilha de Mocambique, foto do autor
Crédito da imagem: Capa, Dança de tufo, identidade cultural da Ilha, foto do autor
Idioma da reportagem: Português de Moçambique