Os hábeis jornalistas Gilberto Dimenstein e Ricardo Kotscho nos levam a uma viagem através de fatos sobre os bastidores da reportagem, na qual cada relato se mistura com a própria jornada pessoal em busca da notícia.
Dividido em duas partes, nossa primeira parada é em Brasília. Dimenstein apresenta os corredores do Planalto Central de forma simples, como em um bate-papo. Coloca em sua narrativa os personagens e suas artimanhas na briga pela jogada certa pelo poder político do país. Destaque para os comentários de Antônio Carlos Magalhães, a explosão do carro-bomba no Riocentro e a morte do jornalista Alexandre Von Baumgarten.
Sempre atento, alerta sobre as mentiras e boatos que são entregues ― com frequência às sextas-feiras, dia em que Brasília fica mais vazia ― aos jornalistas iniciantes e vulneráveis diante do sofisticado jogo político, apontando que eles não têm conhecimento sobre a história recente do Brasil. Dimenstein é reconhecido pela imprensa como um dos principais jornalistas investigativos do país, autor de reportagens de repercussão nacional e internacional.
A segunda parte fica por conta de Ricardo Kotscho que escreve sobre sua infância, a busca pelo primeiro emprego e por que ficou conhecido como o “repórter do pipoqueiro”. Começa com o cenário existente em 1964 e entrecorta até 1989. Traz à superfície e fatos históricos na imprensa como o AI-5, a morte de Vladimir Herzog e a campanha pelas Diretas Já.
Confira o depoimento de Ricardo Kotscho: “Fui convidado pela editora Summus para participar de um projeto em que o Gilberto [Dimenstein] escreveria sobre o jornalismo em Brasília, quer dizer, nos gabinetes do Brasil oficial, e eu ficaria com o outro lado da medalha, o Brasil real, a vida nas ruas e becos do país”.
Mesmo sendo um livro curto para tanto conteúdo histórico, não fica devendo a quem busca conhecer alguns fatos da recente história do Brasil vista pela óptica de dois jornalistas. Indispensável para estudantes e profissionais de comunicação, história e política no Brasil.
Não fica difícil concluir que o jornalismo continua dividido entre estes dois mundos, com mais destaque para o mundo oficial. Tem Brasília demais e Brasil de menos na nossa imprensa.
Autor: Gilberto Dimenstein, Ricardo Kotscho
Editora: Summus Editorial