Do projeto experimental ao mercado editorial

publicado na Ed_08_jul/set.2018 por

Para que o texto e as imagens deixem de ser arquivos sem forma e se tornem um livro, são necessários alguns processos e o conhecimento deles para que, ao final, o autor tenha um produto com todas as características profissionais exigidas pelo mercado editorial.

De um lado desse processo temos o autor e, do outro, o leitor, que espera receber a mensagem de forma clara e bem estruturada. O que vai definir essa forma é o cuidado do meio por qual os textos e imagens irão percorrer.

Alguns itens do processo são simples de se desenvolver, outros vão precisar de um pouco mais de atenção, vamos a eles e às explicações:

Revisão do texto e normatização: como a relação entre jornalismo e produção editorial estão muito alinhadas e o nosso foco é um produto jornalístico de excelência, além da revisão ortográfica, usar um manual de estilo e redação pode ajudar para que o texto tenha coesão. É muito comum, principalmente quando a publicação foi escrita por mais de um autor, encontrar siglas, itálicos, negritos e outras marcações escritas de forma diferente nos capítulos do livro-reportagem antes da publicação. É necessário definir que as siglas ou os acrônimos venham, preferencialmente, depois do nome por extenso, entre parênteses ou separadas por travessão. Por exemplo, no caso do IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ou Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística — IBGE. Um nome de um livro entre aspas ou em itálico: “Elementos do livro-reportagem” ou Elementos do livro-reportagem. Um problema que também é bem comum nos textos que trabalham com diálogos de entrevistados é o uso do hífen em vez do travessão para a voz direta. Exemplo: — Ele disse algo ou – Ele disse algo. Além de ser menor, o hífen é para a separação de palavras compostas ou sílabas, entre outros, e o travessão para uso no discurso direto. Inserir o travessão corretamente é simples, mantenha a tecla apertada ALT e digite 0151 (esse atalho é para o editor de textos da Microsoft, o Word com sistema Windows).

Preparação: normalmente os autores escrevem no editor de texto com o layout da página em A4 ou Carta, mas a dica é usar um tamanho aproximado do livro. Digamos que o livro será no tamanho 14x21cm, nesse caso, use o A5, que é o tamanho mais próximo, diminua um pouco as margens e as fontes. Dessa forma, enquanto o autor estiver escrevendo, já obtém um visual mais próximo do produto final.

É recomendável fazer marcações nas páginas para saber onde as imagens serão inseridas, principalmente porque elas nem sempre ficam exatamente no espaço que o autor imagina, pois existem questões relacionadas ao tamanho e formato da imagem e até mesmo ao espaço reduzido do impresso que será compartilhado com o texto.

A imagem ou fotografia pode ocupar meia página, dentro ou fora de mancha gráfica, uma página inteira ou duas páginas, mas quando uma única imagem é disposta em duas páginas, é válido lembrar que uma boa parte da informação visual vai se perder por causa da brochura (a colagem central do livro, que forma a lombada).

Projeto gráfico: como já definimos na preparação do tamanho do livro, essa informação será o eixo do projeto editorial, para definir o tamanho da capa, das orelhas, se o livro será com as imagens internas coloridas ou em preto e branco.

É no projeto gráfico que se define se as imagens irão abrir os capítulos, serão distribuídas entre o texto ou se vai ser editado um caderno à parte, com todas as imagens juntas e sequenciadas.

Nesse momento é importante pensar nas fontes tipográficas que irão criar a identidade do livro-reportagem. Tipografias que lembram máquina de escrever, com serifa ou que tenham semelhanças com os veículos de comunicação são as mais usadas, pois trazem uma característica familiar para o leitor de reportagens.

Capa: resolvemos colocar este item separadamente, pois a capa tem que ser pensada como uma das partes mais importantes do livro-reportagem, já que ela pode conquistar o leitor pela beleza ou somente pelas informações de apresentação dispostas. Além disso, ela pode se dividir em capa, quarta capa (contracapa), lombada, orelhas e o verso, que pode ser utilizado para colocar imagens ou informações adicionais. Muitos projetos gráficos deixam essa parte do livro sem utilização, em branco, o que é de se estranhar, pois normalmente ela não tem um custo adicional e, quando tem, não é alto.

Diagramação: é considerado um processo técnico, no qual todas as ideias que foram discutidas e rascunhadas na preparação e no projeto gráfico vão começar a ser desenhadas definitivamente, para se tornar um arquivo para impressão ou publicação digital (e-book).

Com a ferramenta correta, o miolo do livro e a capa vão ganhar as dimensões necessárias para se tornar um produto. O programa de computador mais comum para se utilizar nesse processo é o Adobe InDesign. Mas não é raro encontrar livros diagramados no próprio editor de textos, o que torna o trabalho um pouco mais limitado, mas não impossível de se fazer.

Na diagramação definimos as margens laterais, direita e esquerda, o posicionamento dos títulos, capítulos e subcapítulos. Essas distancias e esses espaçamentos são diferentes dependendo do projeto editorial ou padrões propostos pela editora.

Ficha catalográfica: não é nossa intenção ensinar como se faz uma ficha catalográfica — que traz os dados internacionais de catalogação na publicação —, trabalho que normalmente é praticado por quem estuda ou é profissional em biblioteconomia (bibliotecário), mas é importante saber que existem itens da ficha que são comuns a todos os livros e utilizados em citações bibliográficas. Sem ela não seria possível organizar e localizar uma publicação em uma biblioteca, facilitando a sua busca no momento em que o leitor precisa para consulta.

ISBN: sigla de International Standard Book Number (ou Sistema Internacional de Identificação de Livro). É um número que identifica numericamente os livros segundo o título, o autor, o país, a editora. Pode ser solicitado por autores ou editoras diretamente na Agência Brasileira do ISBN. É possível publicar um livro sem o ISBN, mas ele não poderá ser catalogado em livrarias, principalmente porque o número é utilizado para gerar o código de barras e cadastro no sistema de vendas.

Código de barras: pode ser gerado a partir do ISBN, como forma de registro e possibilitando a comercialização em livrarias ou lojas com sistema de leitura por um scanner.

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Crédito das imagens: Autor

Capítulo do livro:Elementos do livro-reportagem: do projeto experimental ao mercado editorial

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