Para se entender melhor como o livro-reportagem é apresentado na forma de produto impresso ou digital, vamos classificá-lo em alguns tipos, dependendo da sua composição de elementos enquanto é pensado e produzido editorialmente. É importante ressaltar que os tipos identificados se relacionam apenas com a produção editorial e são diferentes da classificação proposta como linha temática.
Textual
Nesse tipo de livro-reportagem, o texto é o único responsável pela narrativa principal, que parte de um tema-eixo e pode ou não fazer uso de fotografias, documentos de arquivos, gráficos e tabelas para ilustrar a narrativa, mas que não a mudam ou propõem outro eixo narrativo, além do que foi proposto pelo texto. Essa é a forma primária do livro-reportagem.
A predominância de texto que compõe o miolo do livro raramente abre espaço para que uma imagem seja colocada em sequenciada. Ela é, de preferência, alocada separadamente, em uma outra página, para que o texto não tenha nenhuma interrupção, perca sua fluidez e disperse o leitor.
Documental
É quando o livro-reportagem faz uso de arquivos e recortes de jornais, revistas, fotografias e qualquer outro tipo de documento para criar uma narrativa, identificar personagens ou provar fatos. O texto encontrado nesse tipo de livro-reportagem aborda os documentos que deram base à publicação, construindo a linha narrativa.
Esse é o tipo de livro-reportagem em que os arquivos serão predominantes na composição do miolo do livro, misturando-se facilmente com o texto e, algumas vezes, abrindo textos somente de explicações sobre os documentos. Esse recurso se faz necessário quando o autor propõe uma investigação em que tempo-espaço-tema são muito distantes ou poderiam causar estranheza ao leitor, mas que com a apresentação de mapas, ilustrações, documentos e fotos criam uma atmosfera que elucida e norteia a leitura.
Fotográfico
É o livro-reportagem com a narrativa construída com base na fotografia, normalmente produzido por fotojornalistas. O texto é apresentado como legenda explicativa ou com a numeração das fotografias. A diferença entre o tipo documental e o fotográfico está no uso das fotografias como narrativa, diferente de fotografias antigas de arquivo que entram no livro-reportagem como apoio. No tipo fotográfico, a fotografia é o produto principal.
Gráficos
Ainda não encontramos um livro-reportagem composto apenas por gráficos ou tabelas numéricas. Esse tipo de recurso é encontrado em complemento ao tipo textual. Muito usado no jornalismo de dados, em que, além de tabelas, são elaborados infográficos a partir de banco de dados.
Ilustração
Idem ao tipo gráfico em quase todos os aspectos. Consideramos a ilustração como um desenho de um assunto ou tema qualquer. Também existem infográficos ilustrativos, que não estão propriamente ancorados em banco de dados, mas em informações não tabuladas e apuradas durante a reportagem.
Quadrinhos
Nesse tipo de livro-reportagem, o desenho é o produto principal e o texto só aparece em pequenas narrativas e nos balões dos quadrinhos. É ainda pouco usado para criação de livros-reportagem.
Na maioria dos casos, o livro-reportagem é essencialmente textual, contando apenas com o apoio de fotografia, gráficos e ilustrações. Esse pode ser considerado o padrão dos tipos de livro-reportagem que encontraremos no mercado editorial. E é exatamente o que encontramos quando estudamos e sistematizamos os tipos de livros-reportagem para se propor a classificação de tipos apresentada.
Nesse universo de livros-reportagem pesquisados, o tipo textual é o único que aparece em forma pura, isto é, somente texto. Os demais tipos de livro-reportagem mesclam dois ou mais tipos.
Das obras que catalogamos, apenas 12 exemplares eram totalmente textuais, ou seja, um pouco menos de 18%. Os livros compostos por tipo textual mais o tipo documental são os que mais se destacam como produção editorial, por agregarem, além da narrativa textual, fotografias ou documentos captados durante o processo de apuração da reportagem.
É possível afirmar que esse tipo de apresentação é o que entrega mais informações para o leitor, mesmo que em alguns casos a disposição de imagens nas páginas chegue a atrapalhar visualmente a continuidade do texto. Esse tipo misto de livro-reportagem se demonstrou excelente como produto editorial.
O tamanho do livro-reportagem segue os padrões do mercado editorial, isto é, com as medidas mais comuns, entre o 14x21cm e 16x23cm.
A fotografia tem um destaque no livro-reportagem, sempre aparecem para compor e também para criar dramaticidade, por este motivo que é muito comum as fotos serem em preto e branco. Essa dramaticidade imagética é um apelo visual necessário à composição do livro-reportagem com fotografias.
Crédito das imagens: Autor
Capítulo do livro: “Elementos do livro-reportagem: do projeto experimental ao mercado editorial“