O Futebol na era do Regime Ditatorial Militar brasileiro

publicado na Ed_06_jan/mar.2018 por , e

O início dos anos de Chumbo

O ano de 1964 começara numa quarta feira, tradicional dia de futebol pelo Brasil, e mundo afora, e quem diria que a relação deste conturbado ano, iria se relacionar de maneira tão intensa com o desporto brasileiro.

“Para o fim de restaurar nesta pátria conturbada a autoridade do governo, abandonado. Há sob a nossa responsabilidade a população do Brasil, o povo, a ordem. Assim sendo declaro vaga a presidência da Republica!”

Ex-Vice-presidente do Senado Federal – Auro de Moura Andrade – 01/04/1964

E com esta frase, inicia se na República Federativa do Brasil, uma nova forma de governo que iria controlar tudo, realmente todos os sistemas do país. Os militares brasileiros chegaram ao topo, para comandar a nação.

O Brasil vivia um momento conturbado desde a década de 1950, que pelo mundo, em alguns casos o impacto foi imenso, guerras foram travadas, e o Brasil sendo do bloco capitalista e pelos cantos do país movimentos comunistas eram cada vez mais comuns, com dois lados estabelecidos, rumores de que comunistas iriam aplicar um golpe para se aliar a União Soviética eram intensos, e no meio de toda esta confusão estava o presidente do Brasil, Jango, e o grupo do bloco capitalista não estava satisfeito com esses boatos.

A tensão já era grande nos anos 50 e pioraria nos anos 60, e em 1964 ficou cada vez mais difícil para o atual governo, ainda mais com a oposição de praticamente os maiores veículos de comunicação do país. Comício da Central versus Marcha da Família com Deus pela Liberdade, as batalhas entre direita e esquerda eram verdadeiras competições, a politica brasileira estava mais acirrada do que o futebol, as batalhas governamentistas foram mais disputadas do que Fla-Flus.

Hora da restauração da ordem no Brasil

Marinheiros se revoltam no Rio de Janeiro, exigindo melhores condições de trabalho, e mudanças nas disciplinas internas das forças armadas. Fuzileiros mandados pelo ministro da marinha uniram-se ao movimento, Jango então decide que o ministro do trabalho deveria tomar a frente do caso. Os militares se irritaram com um civil tomando a frente de uma situação deste porte e mais fúria viria quando Goulart decidiu não punir os marinheiros.

Ouvir o lado do exército e entender suas motivações é fundamental para a compreensão do governo militar. E desde a guerra do Paraguai (1864 – 1870) o exército se via aos olhos do poder como um objeto desorganizado e sem valor. Cada vez mais eles acreditavam que ter civis no comando do País não conseguiria cuidar da nação, diferente de um militar que se sacrifica pela sua pátria, esta ideologia foi passada de geração em geração, explodindo nas costas do 24º presidente do Brasil, João Goulart.

Livrar o Brasil da corrupção e salvar o País era o que os militares realmente acreditavam! Em Março de 1964 a questão não era mais se os militares tomariam o poder e sim quando isto iria de fato acontecer.

E se a seleção brasileira em campo no ano de 64 era formada por: Gylmar, Carlos Alberto Torres, Britto Ruas, Joel Camargo e Rildo; Roberto Dias e Gérson; Julinho Botelho, Vavá, Reinaldo e Pelé. Podemos montar uma seleção brasileira com as figuras mais importantes desse momento que o Brasil enfrentava e até suplentes podem aparecer nesta lista, breve ela aparecerá! Enquanto isso o Brasil vai ficando sem uma real posição para seu povo.

A convocação da Seleção Brasileira para o inicio dos anos de chumbo estava sendo feita, e os nomes iam surgindo para entrar neste esquema tático articulado pelas forças armadas, mas desta vez a torcida seria com roupas camufladas e fuzis na mão. Olímpio Mourão Filho, general mineiro partia ao Rio de Janeiro com suas tropas, Marechal Castelo Branco, chefe do Estado maior do Governo, Ranieri Mazzili, presidente da câmara dos deputados, e com o decreto de Auro de Moura Andrade começava uma nova era no Brasil, o nome forte de Arthur da Costa e Silva entra nesta lista.

Brasil, a nova República!

Agora os militares estavam à frente do país. O AI-1 (ato institucional de número um) entra em vigor.

  • Governo poderia caçar direitos políticos de pessoas contrarias ao regime.
  • A constituição estava suspensa por seis meses.
  • O presidente da república seria escolhido pelo congresso.

Sucessivamente novos atos institucionais entram nas medidas políticas:

AI-2

  • Ilegalidade de partidos políticos.
  • Fixada eleições indiretas.

AI-3

  • Eleições apenas por deputados.

AI-4

  • Nova Constituição.

AI-5

  • Militares tem o total controle e não precisam mais de mandatos para prender suspeitos.

Milagre Econômico

Emílio Garrastazu Médici, 28º Presidente do Brasil e terceiro no período do Regime Militar, general do exército brasileiro, o presidente com uma linha controladora considerada dura, radical e exigente em resultados, chega ao poder para comandar o Brasil em 1969, ex-chefe do Serviço Nacional de Informações, o conhecido popularmente apenas como Médici, foi o responsável por um milagre, mas não de forma divina, e sim econômico. O Presidente também gostava de relacionar a sua popularidade com seu poder e isso foi fundamental durante seu governo.

O Milagre Econômico não ocorreu de uma hora para outra, o movimento militar chamado de: Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG) foi o facilitador do esquema econômico e sua função inicial era combater a inflação, e ao longo de seus anos se consolidou ao lado do governo, com seus intensos planos teve os seguintes resultados datados de mais importantes:

  • Crescimento do PIB (Produto Interno Bruto)
  • Melhorais significativas na infraestrutura do país;
  • Aumento do nível de emprego proporcionado, principalmente, pelos investimentos nos setores de infraestrutura e indústria.
  • Significativo desenvolvimento industrial, alavancado pelos investimentos nos setores de siderurgia, geração de eletricidade e indústria petroquímica. O setor foi puxado, principalmente, pelo crescimento e fortalecimento das empresas estatais.

O Milagre Econômico teve duração de quatro anos, de 1969 a 1973 e com marcas expressivas que nunca foram alcançadas sucessivamente, seus números chegaram de 7% a 13% ao ano. Este crescimento econômico brasileiro aumentou o poder de compra da população, com dinheiro, o brasileiro podia comprar agora seus principais bens e realizar objetivos financeiros.

O poder aquisitivo fazia a economia nacional girar, as importações e exportações eram mais comuns e cada vez mais frequentes e com a politica de Delfim Neto, adjunto com os militares a posição deste milagre tendia a crescer.

As principais características do milagre econômico eram simples e objetivas e seus resultados impactantes geravam uma propaganda politica excelente aos militares, deixando de lado algumas oposições politicas e populares.

O aumento da produção industrial, indústrias internacionais entrando e as nacionais crescendo, empréstimos estrangeiros que rendiam excelentes negócios ao Brasil, obras de grande porte e as principais de caráter gigante, tais como, rodovia transamazônica e ponte RIO-Niterói, mostravam a todos o quanto o governo trabalhava para o país crescer e com o arrocho salarial a propaganda gerada junto a isso era uma forma de maquiar o que acontecia pelas ruas.

O milagre econômico foi bom para o país, mas nem tudo foi perfeito, devido a grande demanda, o Brasil teve seu momento de glória, benefícios a curto e longo prazo e logo por vir sérios problemas a longo prazo, como consequências geradas, a desigualdade social, aquisição de bens e o aumento da divida externa, o Brasil tem alta de inflação e forte desemprego no futuro. Agora os militares precisavam consolidar uma nova forma de propaganda politica para estabelecer sua imagem.

Serviço Nacional De Informações (SNI)

Serviço nacional de Informações de sua sigla (SNI) criado em 13 de junho de 1964 tinha como objetivo assessorar o presidente de forma indireta e montar um Estado de vigilância no sistema político e na sociedade brasileira, conhecido publicamente, e denominado até mesmo pelos militares de Ministério do Silêncio, o público não poderia ter acesso às informações geradas dentro do sistema. O SNI só respondia ao presidente para tomar decisões, inclusive para decidir quem entraria no governo e na vida política, uma agência central controlava todas as regiões, gerava as informações passando para o presidente e seus comandantes que o intitularam um órgão de interpretação aberto à cooperação e servir ao governo da república.

Em sua composição, o SNI possuía secretarias e delas sairiam as informações para que o exército junto ao presidente pudessem tomar o controle de situações.

As secretarias do SNI eram:

  • ADMINISTRATIVA: cuidava dos gastos do país e de sua burocracia nacional e regional.
  • ECONÔMICA: Observava todos os agentes econômicos e a articulação dos mercados nacionais e internacionais.
  • POLÍTICA: Vigiava os políticos e parlamentares pelo Brasil, vida pública e particular.
  • IDEOLÓGICA: acompanhava a oposição ao regime militar e todos os movimentos pró e contra que estavam em atividade.
  • PSICOSSOCIAL: observava as atividades extras, igrejas, escolas e outros segmentos da sociedade brasileira. A área cultural do país inclusive era a mais observada para que fossem feitas alterações na forma de reger o país culturalmente.

Foi a secretaria PSICOSSOCIAL, estudando a área cultural e ideológica nacional, que buscando uma nova forma de fazer uma propaganda para o regime devido ao sucesso do milagre econômico. Estudando a forma como o brasileiro era atencioso, carinhoso e cuidadoso com seu principal esporte, a secretaria decidiu informar ao presidente e seus comandantes que a melhor forma de fazer uma propaganda política e aproximar mais a população do governo, era comandando a paixão do futebol!

Copa do Mundo FIFA de 1966

Com 16 participantes, a Copa do Mundo de 1966, disputada de 11 a 30 de julho, teve como anfitriã a Inglaterra, que ao final do torneio se sagraria campeã do mundo pela primeira vez, já a Seleção Brasileira terminaria na 11º posição e o motivo de seu fracasso na Copa teve uma sinalização em sua preparação.

A Seleção Brasileira entrava na Copa buscando seu 3º titulo, sendo inclusive a atual campeã, a Seleção era vista como uma das maiores do mundo pela qualidade de seus atletas.  Em sua preparação, o Brasil era observado com olhos políticos, o sucesso da Seleção poderia ser útil em outros segmentos da sociedade e inspirado no Estado varguista, a Seleção atual tinha potencial astronômico de propaganda, então a modalidade esportiva foi atraída para perto do governo militar brasileiro.

O time brasileiro foi recebido no Palácio das Laranjeiras pelo presidente da república, nela os jogadores e o presidente da CBD, o senhor João Havelange, que ali teria seu primeiro contato expositivo com os militares. A medida foi tomada após excursão pela Europa e África, em que a Seleção voltou invicta. O presidente Castelo Branco elogiou os atletas brasileiros, incentivando-os para a disputa da Copa de 1966.

A geração da Seleção Brasileira em 66 era vista como uma seleção decadente por alguns, no inicio dos trabalhos já com o regime militar ao lado da CBD, a falta de preparação começava a comprometer o futebol, a criação da seleção B e mais de 40 jogadores convocados era totalmente prejudicial. Um horário estabelecido entre o governo e a CBD colocava uma pequena excursão nacional para que de forma estratégica fosse mostrado apoio dos militares a Seleção Brasileira, e a equipe treinasse em locais diferentes como capitais e cidades importantes do interior, tais cidades eram vistas sempre como potenciais lugares de conquista para apoio militar e propagar a imagem de que o governo estava ao lado da paixão nacional, ao lado do futebol.

Dentre os nomes mais importantes na fase de testes da Seleção Brasileira estavam: Gilmar, Fábio, Manga, Ubirajara, Carlos Alberto Torres, Brito, Altair, Rildo, Denílson, Gérson, Servílio, Amarildo, Murilo, Djalma Dias, Djalma Santos, Edu, Fidelis, Fontana, Oldair, Dudu, Lima, Célio, Edson Cegonha, Leônidas, Alcindo, Paraná, Roberto Dias, Paulo Borges, Paulo Henrique, Dino Sani, Tostão, Jairzinho, Ivair, Garrincha e Pelé. Todos comandados pelo técnico Feola.

Tantas modificações, exposição para propaganda e falta de treinamento, fizeram a Seleção ir para a Inglaterra muito desgastada e sem um planejamento fixo, e o resultado foi um belo 3×1 para a Hungria e a eliminação da Copa, agora os militares teriam que repensar numa forma de alavancar sua propaganda, mas de uma forma diferente, com a Seleção campeã e total mudança interna.

João Saldanha e Seleção militar Brasileira

João Alves Jobim Saldanha, jornalista, escritor e um dos principais cronistas esportivos brasileiros, homem com seguidores por todo país pelo seu estilo de comentar e apresentar os fatos, criador de jargões famosos no futebol como “a vaca foi pro brejo”, João Saldanha ficou mais conhecido por seu trabalho com o futebol dentro das quatro linhas. Destemido, foi o técnico da Seleção Brasileira em um momento conturbado do país, os temidos anos de chumbo.

O cargo de técnico da Seleção Brasileira ampliava a voz do professor Saldanha, os militares descobriram que Saldanha aproveitava as excursões da Seleção ao exterior para levar documentos contendo informações de possíveis repressões e torturas dos militares. Saldanha era filiado ao partido comunista e movimentos de esquerda e assim uma medida deveria ser tomada, mas não de forma pública, pois os militares filtravam muito bem as relações com o futebol para que sua propaganda sobre o esporte não viesse a fracassar.

João Viotti Saldanha, filho de João Saldanha, foi usado para entregar documentos em viagens ao exterior. O conteúdo nunca foi revelado, mas era a comprovação da traição de João Saldanha à sua pátria, e afastado do comando da seleção, não ganharia mais voz ativa no país, o titulo mundial traria a Saldanha mais força. Mesmo com sua imagem desgastada, a forte pressão do governo à CBD foi concluída. A confederação cede. Enquanto o apoio popular estava junto a Saldanha, era difícil que os militares conseguissem exilá-lo do cargo. João Havelange cedeu e Saldanha foi demitido.

João Saldanha era muito ligado ao futebol e à Seleção, sabia que a CBD como uma instituição privada e que ele também deveria ceder e pular fora antes que algo acontecesse com ele.

Otto Gloria, técnico de clubes como Portuguesa, São Paulo e Vasco, conhecido internacionalmente por treinar o Benfica, seria o escolhido para comandar a Seleção Brasileira naquela ocasião, mas os militares observavam outro nome. Zagallo treinava o Botafogo na escola de educação física do Exercito, e era a deixa perfeita para alguém que já entendia como as forças nacionais funcionavam e assim seria mais fácil controlar o comandante na caminhada ao México.

Brasil

Os militares sabiam que o povo poderia se achegar ao regime caso  ajudassem no ápice da consagração futebolística mundial, a Copa do Mundo! E assim publicamente, o que antes era restrito passa a “ajudar” os times e a seleção.

O começo era a composição dos profissionais da Seleção Brasileira, após a escolha de Zagallo, era hora de escolher a comissão técnica canarinho. Além disso, militares que já faziam parte da comissão técnica ganharam reforços de peso, um planejamento desportivo feito e assim os militares poderiam controlar e reprimir qualquer coisa dentro do esporte.

João Havelange, adjunto com o governo, nomeia Brigadeiro Gerônimo Bastos como novo chefe de delegação da Seleção no Rio de Janeiro e assim junto a ele nomes são colocados na lista, um dos agentes da repressão e seu braço direito, o Major Roberto Câmara Ipiranga dos Guaranys, virou chefe de segurança da Seleção.

Com a escolha de Guaranys para integrar a chefia da Seleção, o ex-técnico João Saldanha publicou uma crônica no Jornal do Brasil.

 Vou escrever uma matéria sobre a presença exigida e por mim repelida, de policiais espancadores na concentração. Foram barrados por mim, mas depois eu fui barrado por eles. Afinal de contas estavam no poder. E que poder.

 João Saldanha – Jornal Do Brasil

A escolha tinha um motivo certo. Treinador de militares, ele é escolhido para combater a repressão como estratégia de infiltração, usando as viagens da Seleção Brasileira, por ser um homem de confiança do governo e por demonstrar técnicas de infiltração avançadas, era o nome a ser apostado. Controlar qualquer desvio e ser porta voz do governo após o caso Saldanha, a figura dele era para proteger a Seleção de fora para dentro, mas a verdade era para que houvesse uma proteção de dentro para fora e nenhuma informação nacional vazasse, ele estaria ali para controlar ações e tomar medidas necessárias com qualquer um que atravessasse o caminho dos militares, mas ao mesmo tempo o Major Guaranys passava a imagem de segurança total, que os jogadores do Brasil estariam blindados e a população ver que o militarismo cuidava com carinho da imagem do futebol.

A escolha de Guaranys não era uma simples coincidência, ele era extremamente de confiança do governo e provou isso anos antes no curioso caso Parasar, onde no planejamento de explodir um gasômetro, Major Guaranys estava junto no esquema, centenas de mortes poderiam ter ocorrido, mas graças a um capitão, Sergio Macaco, não ocorreu tal tragédia. A frieza de Guaranys era tudo que os militares precisavam para obrigar sorrisos e acenos para a multidão louca pelo futebol e nada como um homem de tal capacidade para reger os planos coronelistas.

Agora a Seleção tinha 100% uma imagem séria, com todos os jogadores uniformizados de seus belos ternos e uma postura diferente da última Copa, o clima era de total respeito dentro das federações e dos clubes e isso se deve a posição de Guaranys dentro do cargo de chefia de uma grande seleção de futebol, que inclusive serviu de modelo para outros clubes do exterior. Quando o ônibus da Seleção chegava ao estádio ou à concentração, Major Guaranys descia e ia à frente do coletivo a pé, como forma de força!

A população brasileira era muito monitorada pelos agentes de repressão e controladoria. Nas ruas a desconfiança era plena em que tanta roupa camuflada atrapalhasse o uniforme verde e amarelo na Copa do Mundo que viria a seguir, era essencial que desde o treinamento até a preparação final fosse divulgada nas rádios o bombardeio de informações sobre o Brasil, que era muito forte. A animação para a próxima Copa era tão intensa que o que acontecia nas delegacias, batalhões e nos mais perigosos cantos escuros de execução, estavam passando despercebido, finalmente o futebol era utilizado como propaganda política do Regime Militar de uma forma positiva.

Nas ruas, a esperança de soldados e conflitantes, em que o futebol pudesse acabar com certos acontecimentos era cada dia mais escutado. Nas grandes capitais onde a seleção passou, multidões queriam ver o time que jogava bonito, jogadores super famosos e com marcas expressivas, um futebol que não poderia parar uma bala, um cassetete ou uma guerra, um conflito, mas poderia parar por instantes um sentimento de dor e sofrimento presente e na garganta um grito de libertação.

No futebol ou na vida da população, exemplos como este são comuns até os dias atuais e não importa em que ano você leia este livro, assim como Guaranys mandou nos jogadores e controlou a Seleção Brasileira, os militares em geral controlaram a alegria da população e observavam tudo de mais perto do que pudessem imaginar! A cada dia um novo caso explodia, explode e explodirá eternamente, o futebol era uma marionete propagandística de uma campanha governista militar que não havia mais volta. Este foi um ligeiro caso separado em tantos outros nunca descobertos, e assim como João Saldanha gostava de entoar, realmente o futebol pode ser sim uma bela caixinha de surpresas.

Para o jornalista esportivo Flávio Prado, o Regime Militar não trouxe tantas coisas boas para o futebol brasileiro.

“Os militares mataram o pensamento do brasileiro, era aquela história que dentro do futebol todo mundo é irracional, vibra, se sente feliz, então eles usaram muito o futebol para que o cara tivesse o pão e o circo. O pão muito pouco, porque se vivia muito mal, mas deram muito circo, e a Seleção de 1970 era fundamental para que eles pudessem, no auge da ditadura, com pessoas morrendo, eles com a Seleção e todo mundo vibrando e as pessoas nem sabiam o que estava acontecendo. Infelizmente muita gente até hoje não sabe. Era muito importante que a Seleção ganhasse, aí todo mundo estava gritando ‘Pra Frente Brasil’, enquanto isso vários brasileiros sendo torturados e mortos.”

Pra Frente Brasil

Miguel Gustavo

 

Noventa milhões em ação

Pra frente Brasil, no meu coração

Todos juntos, vamos pra frente Brasil

Salve a seleção!!!

De repente é aquela corrente pra frente, parece que todo o Brasil deu a mão!

Todos ligados na mesma emoção, tudo é um só coração!

Todos juntos vamos pra frente Brasil!

Salve a seleção!

Todos juntos vamos pra frente Brasil!

Salve a seleção!

Gol!

Somos milhões em ação

Pra frente Brasil, no meu coração

Todos juntos, vamos pra frente Brasil

Salve a seleção!!!

De repente é aquela corrente pra frente, parece que todo o Brasil deu a mão!

Todos ligados na mesma emoção, tudo é um só coração!

Todos juntos vamos pra frente Brasil, Brasil!

Salve a seleção!

Todos juntos vamos pra frente Brasil, Brasil!

Salve a seleção!

Salve a seleção!

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Crédito da imagem: CC0 Creative Commons

Capítulo do livro:Futebol, uma questão de Estado: o desenvolvimento e a consolidação do futebol brasileiro através da propaganda

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