Religiosidade: Do mundo para o Brasil…

publicado na Ed_15_abr/jun.2020 por

Em tempos que parecem tão distantes, quando o homem vivia em civilizações primitivas, já havia evidências de algum tipo de adoração. Essas manifestações foram crescendo durante os séculos e se distinguindo como diferentes formas de fé. Estudos antropológicos e arqueológicos concluem que nunca existiu um povo, em qualquer parte do mundo ou em qualquer outro tempo, que não fosse de certa forma religioso.

A religião está presente em muitos momentos na vida em sociedade. Seja em inspirações artísticas ou em doutrinas sociais, os devotos se apegam a determinada fé e, de acordo com sua cultura, podem viver ou até morrer por ela.

Pode ser “uma moralidade tocada pela emoção”, segundo o escritor inglês do século XIX, Matthew Arnold, ou “um sentimento de absoluta independência”, conforme define o teólogo alemão, Friedrich Schleiermacher. Afinal, o que é religião? É difícil generalizar o sistema de crenças.

Fascinantes, complexas e, certas vezes, inexplicáveis. Assim são as religiões do mundo. Pensando em toda essa história, de diversos povos e culturas que geraram diversas ideologias, fizemos reportagens neste livro que mostram a ligação dos indivíduos com a sua fé de diversas maneiras na capital paulista, especialmente aquelas crenças menos conhecidas ou comentadas.

Mas afinal, como surgiram as religiões? Toda igreja, seita ou culto têm um ser central, em quem é depositada parte da responsabilidade e adoração em busca da paz espiritual. No budismo a idolatria é ao Buda, no cristianismo a Jesus Cristo, na Umbanda ao senhor Olorum, e assim por diante. Apesar das lideranças, não são deles que surgiram as diferentes formas de fé.

A religião já exercia sua função social um pouco antes da existência dessas figuras, por causa da necessidade do ser humano buscar paz interior e a explicação para os acontecimentos da vida. Esse instinto e necessidade fez com que o homem desenvolvesse algumas maneiras para estar no estado sublime de energia e espiritualidade com algo superior.

Essas questões religiosas estão muito ligadas ao intelecto e ao sentimento humanos. Dentro de alguns conceitos estudados observamos como a vida em sociedade pode estar ligada àquilo que cremos e vivenciamos. Se na religião prega-se algo, muito provavelmente se pregará o mesmo com o próximo na vida em sociedade, influenciando em escolhas políticas, econômicas e do próprio cotidiano.

No mundo, algumas religiões estão em maior evidência e conquistaram grande número de seguidores. Em primeiro lugar, segundo diversas pesquisas, estão os cristãos, sempre na liderança quando se trata de quantidade de seguidores. Porém, observa-se certa queda no número de praticantes conforme novas ideologias começaram a ser aceitas pela sociedade. Islamismo e hinduísmo vêm logo na sequência, entre as mais idolatradas do planeta, enquanto o judaísmo ocupa a oitava posição entre as 10 religiões mais seguidas no mundo.

As religiões tradicionais chinesas também conquistaram considerável número de adeptos, milhões deles, como no budismo, xintoísmo e sikhismo. Suas origens orientais são pouco conhecidas pela cultura brasileira, mas mundialmente há grande visibilidade e milhões de praticantes.

Aqueles que acreditam na vida do espírito após a morte e na reencarnação através das doutrinas do mestre Allan Kardec, continuam a busca por mais espaço e credibilidade. O espiritismo já cresceu bastante, foi conquistando muitos seguidores e hoje figura entre as 10 maiores religiões mundiais. Porém, muito ainda se questiona sobre os fatores mediúnicos e sua veracidade.

Na “lanterninha”entre essas crenças mais disseminadas está a crença Wicca, que tem influência pré-cristã e admite práticas oriundas da Europa Ocidental. Com seus mitos e rituais, a religião da magia busca mais adeptos, atualmente são em torno dos 20 milhões.

Do Zimbabwe aos Estados Unidos da América, cada país tem suas crendices e verdades absolutas religiosas. Cada povo escolhe sua maneira, seus costumes e seu Deus, seja por fortes tradições ou somente para ter algo a crer. Há também quem desdenhe de qualquer admiração por um deus que não se vê. Muitas são as opiniões e os pontos de vista sobre as teorias religiosas. No Brasil não é diferente. Temos uma mistura de povos, etnias, estilos e religiões.

No caso da nossa pátria, o primeiro lugar no ranking dos mais frequentados templos, assim como no resto do mundo, é ocupado pela igreja católica. Por suas raízes tradicionais acaba atraindo grande parte dos adeptos do Brasil, ainda que muitos não pratiquem sua doutrina ao pé da letra. Com seguidores fervorosos e uma grande massa crente, os evangélicos estão no segundo lugar.

Ainda assim, os protestantes ficam cerca de 30% abaixo dos cristãos em termos numéricos.

Em meio aos movimentos tradicionalistas e fechados, os cultos espíritas estão entre as três maiores religiões do Brasil. Na sequência chegam as Testemunhas de Jeová, com pregação de dogmas e princípios, de porta em porta.

Entre atabaques e afoxés, a Umbanda tem cerca de 410 mil seguidores. Sua origem brasileira, assim como tantas outras, alcançou a evolução com o polissincretismo religioso, levando o seu conhecimento até muitas pessoas.

Budismo, novas religiões orientais – Igreja Messiânica e os fundamentos do Johei, por exemplo -, assim como o judaísmo, buscam espaço no país tropical, alcançando aos poucos maiores massas. No meio deles está o Candomblé, derivado da cultura africana, com culto aos orixás e às forças da natureza comandadas por seus deuses.

Por último, mas também muito procurada pela nação brasileira, está a tradição esotérica. O esoterismo é tido como religião, mas está presente em qualquer crença que tenha como objetivo desvendar o sentido oculto das coisas. Com suas correntes e ideologias para a vida individual e social, conquistaram 74 mil pessoas, aproximadamente.

Além desse panorama inicial, aos poucos vamos conhecendo neste livro mais de cada uma dessas ideias religiosas para compreendermos suas culturas.

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Crédito da fotografia: Pixabay

Autora do livroReligiões de S. Paulo

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