Agrotóxico e suicídio na zona rural de Mato Grosso do Sul

publicado na Ed_08_jul/set.2018 por

Ainda não tinha completado 18 anos, quando resolveu a acabar com a própria vida. Deixou para trás a filha de um ano e meio e todos os sonhos da juventude em nome de um grande amor. Filha de Seu Erasmo, Eva Erasmo da Silva surpreendeu toda a família quando desmaiou porque tinha bebido veneno. O motivo, segundo ela, era um romance mal resolvido, que antes já tinha motivado uma depressão percebida pelas irmãs.

A jovem era bonita e, assim como todas as garotas do sítio, sonhava em morar na cidade. Teve sua primeira filha, fruto de um casamento forçado pelo pai. O romance não deu certo e Eva voltou para a casa da mãe. Pouco tempo depois se envolveu com um homem casado, que lhe deu um novo lar, mas não o amor que ela esperava.

O relacionamento rendia momentos de extremo descontentamento, enquanto em outras horas era alimentado pela esperança de que podia dar certo. Para as irmãs e a mãe, estava claro que Eva vivia infeliz e a tristeza próxima à depressão é relatada pelos conhecidos em muitos momentos.

A família lhe dava conselhos, mas ela não queria escutá-los. Foi quando descobriu que estava grávida novamente e o grande amor deixou claro que não iria abandonar o casamento para ficar com ela. Só que apesar da tristeza pelo desprezo do homem amado, naquele dia ela parecia especialmente feliz. Chegou alegre à casa da cunhada e disse apenas que iria tomar banho no córrego. Lucia confessa que estranhou a felicidade da jovem que nos últimos dias parecia bem abatida, mas logo deixou desconfiança de lado e resolveu ficar contente com a aparente recuperação da irmã de seu marido.

Minutos depois, porém, Eva voltou para a casa e encontrou novamente com a cunhada. “Olhou e falou pra mim que tinha tomado veneno. Daí tirou uma caneca e tomou o resto que tinha. Demorou uns minutos e já caiu. Fiquei meio atrapalhada, meia doida, ai já correram e levaram pra cidade, mas não teve jeito, porque ela tomou demais”, lembra Lúcia, casada com um dos filhos de Erasmo.

Eva morreu a caminho do hospital, já em Fátima do Sul. A família recorda que ninguém conseguia ficar no velório da jovem, tamanho era o fedor do agrotóxico que ela havia ingerido. O caso aconteceu há 25 anos, mas até hoje os irmãos choram ao lembrar da notícia que receberam naquele dia. “Quando me contaram que alguém tinha bebido veneno no sítio, eu nunca imaginei que era a minha irmã”, lembra Cida, uma das mais velhas, que ficou sabendo do suicídio quando estava na cidade fazendo compras de charrete.

Diante da dor de uma perda tão grande, Seu Erasmo e a esposa tiveram que tirar forças para educar a neta que mal sabia andar. Hoje com 26 anos e dois filhos, a menina virou mulher e aprendeu a chamar os avós de pais, já que não tem lembranças da mãe que não a viu crescer.

Foto 1: Erasmo Lunardo

Suicídio em números

A história poderia ser só mais uma fatalidade, não fossem as histórias parecidas que se ouve em Fátima do Sul. Todas por ingestão de agrotóxico e conseqüência do que antes era conhecido como tristeza, mas hoje recebe o nome de depressão.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que ocorram anualmente no mundo cerca de três milhões de intoxicações agudas provocadas pela exposição aos agrotóxicos, o que resulta em aproximadamente 220 mil mortes por ano. Ainda de acordo com a OMS, esses casos constituem um grave problema de saúde pública, principalmente nos países em desenvolvimento.

Do outro lado, um levantamento pela Associação Nacional de Defesa de Vegetal (Andef) à consultoria alemã Kleffmann Group, aponta que o Brasil é o maior mercado de agrotóxicos do mundo. O estudo ainda mostra que a indústria dos defensivos agrícolas movimentou US$ 7,1 bilhões no país em 2008, ante US$ 6,6 bilhões do segundo colocado, os Estados Unidos. Comparado com 2007, quando o consumo brasileiro foi de US$ 5,4 bilhões, os números revelam um crescimento significativo apesar de a área plantada ter encolhido 2% no ano passado.

Conseqüência desse consumo crescente de agrotóxicos no país, o Serviço Integrado de Informações Toxico-farmacológicas (Sinitox) do Ministério da Saúde, registrou 112.403 casos de intoxicação em 2007. Destes, 2.899 correspondem a tentativas de suicídio por ingestão de veneno de uso agrícola. Segundo o pesquisador Dario Xavier, o problema é que para cada intoxicação desse tipo notificada, existem outras cinqüenta não registradas pelo sistema de saúde, o que dificulta a implantação de ações concretas para conter as conseqüências da exposição prolongada a esses venenos.

Em números absolutos, Mato Grosso do Sul ocupava, em 2002 o quarto lugar em suicídios de homens e o segundo de mulheres no Brasil. Quando se estuda o índice de morte por ingestão intencional de agrotóxicos, dados do Centro Integrado de Vigilância Toxicológica (Civitox) da Secretaria de Estado de Saúde de MS apontam a macrorregião geográfica de Dourados, da qual Fátima do Sul faz parte, como a campeã em tentativas de suicídio em todo o estado. O número leva em conta o período entre 1992 e 2002, quando foram registradas 203 tentativas e 63 óbitos nos 15 municípios que compõe essa macrorregião.

Entre eles, Dourados apresentou maior prevalência de tentativas, enquanto Fátima do Sul assumiu o segundo lugar. Nesse sentido é importante destacar que parte dos números de Dourados está relacionada com a alta incidência de suicídios entre os índios guarani-kaiowás, resultado, principalmente, do processo de confinamento a que foram submetidos. Relação diferente, portanto, da atribuída aos casos de Fátima do Sul, que seriam conseqüência, em sua maioria, da exposição aos agrotóxicos usados em grande quantidade no período de cultivo intenso do algodão, que durou até o fim da década de 90.

Fátima do Sul e a vizinha Vicentina, segundo o Civitox, apresentam as maiores razões entre intoxicações e área de culturas temporárias na região. A primeira também assume o topo quando se analisa a relação entre tentativas de suicídios e áreas de culturas temporárias. Isso significa que o alto índice de suicídios e intoxicações é melhor percebido quando se leva em conta a pequena área geográfica que esses municípios possuem.

Apesar dos números mostrarem a forte relação entre o consumo alto de agrotóxico e os suicídios ocorridos na região, pesquisadores divergem sobre relação direta entre os dois fatores. “Eu pessoalmente acredito, já que esses agrotóxicos levam a depressão, essa que tem uma ligação direta com o suicídio sim”, defende o professor Dario Xavier, autor em parceria com outras pesquisadoras, do artigo “O uso de agrotóxicos e os suicídios em Mato Grosso do Sul, Brasil”, publicado em 2005. Do outro lado, o médico toxicologista e professor da Unicamp, Ângelo Zanaga Trapé rebate: “os estudos feitos nessas populações não são determinantes e ainda não conseguiram comprovar essa relação”.

No meio da discussão, números e levantamentos perdem a força diante dos relatos de uma população que viu de perto muita gente morrer com os goles de veneno. Histórias tristes de pessoas que tentam esquecer a dor da perda dos parentes que se suicidaram.

Fedor mais triste

Aos 81 anos, Dona Adelina Oliveira enche os olhos de lágrimas ao lembrar-se de conhecidos que seguiram esse caminho. “Aqui morreu foi 11 pessoas com raiva, tomava o veneno pra morrer. Bastava perder, ia pro jogo, não fazia aqueles pontos, tinha raiva e bebia veneno. Uma tristeza do mundo”, chora. Esse é um dos momentos em que ela realmente se emociona, não teve filhos nem netos que se mataram, mas a dor alheia e a tristeza das famílias são suficientes para desestruturar essa mulher forte e ao mesmo tempo tão sensível.

A conversa avança, e aos poucos ela vai lembrando de outras histórias parecidas, como dos inúmeros velórios que apresentavam o ser humano de uma das piores maneiras. “Levava pro hospital, vinha no caixão e já levava pro cemitério. Era um alívio. Não velava porque o doutor não queria que velasse, por causa do fedorzão que tava”. E continua, “tinha que ter uma toalha para ir cobrindo, que é para as crianças não chegarem perto daquele fedor. Cobria com as toalhas e já levava pro hospital”.

A toalha era para que ninguém visse o estado do corpo, alguns com a boca espumada, outros com a língua para fora, marcas, segundo ela, de uma morte que se aproxima do sentido de definhar. “É um fedor e uma tristeza. A gente chora e nunca se conforma”, conta Adelina. E com os olhos baixos e algumas lágrimas nos olhos, ela ainda se lembra de deixar um conselho aos mais jovens: “Se um rapaz tem uma namorada e ela não quer, meu filho, não vá morrer não. Não tem coisa pior que a morte”.

Sobre o suicídio de Eva, filha de seu grande amigo Erasmo, Adelina lembra detalhes. “O padre achou ruim levar a vizinha aqui para a igreja, porque todo mundo ficava participando daquele fedor mais triste. A finada Eva misturou três venenos e bebeu. Daí disse, ‘eu não disse que bebia’, aí caiu”. Só que logo as memórias acabam, sinal de que lembrar do cheiro de morte não faz bem nem a quem escolheu ficar vivo.

Há alguns metros dali, a sabedoria de um vizinho de dona Adelina, Manuel Firmino, busca as minúcias do dia em que o cunhado bebeu veneno para se matar. Dessa vez a dor é de família, que buscou apagar o resto de lembrança sobre o fato que devia mesmo ser esquecido por todos.

Já faz mais ou menos 20 anos desde quando o cunhado de Manuel, Valdemiro, tomou Azodrin e morreu na hora. O homem tinha aproximadamente 40 anos e morava com a mãe no terreno que fica em frente ao de Seu Mané. Na época em que tudo era tratado com remédios naturais, talvez a tristeza daquele homem ainda não tivesse cura. Calado, Valdemiro era um homem que trabalhava na lavoura de algodão e mostrava sinais de depressão. “Ele era bobão, meio doidão, fraco das idéias. Gente assim a gente conhece”, descreve Manuel.

Para a família, o motivo do suicídio foi fútil. Segundo Abrão, o tio queria muito comprar um Fusca, mas a mãe não deixou. Uma briga, alguns goles de pinga e outros tantos de veneno. Valdemiro tomou Azodrin e andou até uma árvore no quintal, onde mais tarde o corpo foi encontrado pela mãe. “Já tava pálido, com espuma na boca”, conta Abrão que não consegue esquecer a cena do corpo do tio morto no terreiro.

Já para Seu Mané, a história deve ser usada apenas como exemplo do que não se deve fazer. “Não desejo a morte de jeito nenhum. A gente tem que saber conversar, saber suportar as dificuldades da vida”, declara Manuel com a sabedoria de quem já viveu 73 anos. “Gente é o bicho mais fraco de morrer”, acrescenta sobre a fragilidade do homem diante da letalidade do agrotóxico.

Foto 2: Adelina Oliveira

Organofosforados e suicídios

Em todo o Brasil, pesquisas tem se aprofundado cada vez mais na ligação entre os organofosforados e os casos de suicídio. Em Venâncio Aires, Rio Grande do Sul, um grupo de pesquisadores fez um levantamento das conseqüências da exposição prolongada dos trabalhadores rurais a esse tipo de agrotóxico. O estudo foi uma demanda da Assembléia Legislativa e, apesar dos resultados significativos, não conseguiu mobilizar o poder público para a gravidade da situação.

O agrônomo Sebastião Pinheiro foi um dos responsáveis pelo trabalho e lamenta que não tenha sido usado para melhorar a vida daqueles agricultores. Assim como em Fátima do Sul, os produtores de Venâncio Aires também estão expostos aos organofosforados. Os últimos, porém, trabalham com plantio do fumo, que necessita de quantidades maiores de veneno, o que produz resultados ainda mais visíveis que os encontrados na cidade sul-mato-grossense.

Conhecido em todo o mundo, as consequências do uso prolongado desse tipo de agrotóxico produziram resultados diversos em várias partes do mundo. “Na Noruega (primeiro país em qualidade de vida) foi feito em 1990 um estudo epidemiológico sobre a deficiência no aprendizado de escolares da área rural em relação aos urbanos. Desde aquele momento, todos os fosforados foram restritos em toda Europa e no mundo civilizado”, compara Pinheiro.

No relatório “Acesso Seguro aos Agrotóxicos” (Safer Acess to Pesticides) divulgado em 2006, a Organização Mundial da Saúde reúne recomendações para tentar diminuir o número de intoxicações e suicídios causados pelos pesticidas. De acordo com a organização, esses casos têm sido pouco estudados porque grande parte das pesquisas sobre prevenção ao suicídio é procedente dos países desenvolvidos, enquanto as conseqüências à exposição ao uso de pesticidas aparecem predominantes em países pobres e em desenvolvimento, como as áreas rurais da Ásia, América Central e do Sul, África e ilhas do Pacífico. O documento ainda destaca o alto número de suicídios em lavouras de tabaco no Brasil, como é o caso de Venâncio Aires, onde os produtores são expostos exatamente aos mesmos organofosforados presentes nas plantações de algodão, em Fátima do Sul.

Em nível federal, o Ministério da Saúde reconhece as conseqüências da relação entre o uso de inseticidas e suicídios no Relatório Saúde Brasil 2007. “Alguns estudiosos apontam os agrotóxicos como elementos desencadeadores de quadros depressivos, em função de mecanismos neurológicos e endócrinos. Mas há que se investigar ainda, com mais profundidade, outras hipóteses, como a questão cultural”, cita. Apesar disso, não existem estudos nem política preventiva de suicídio na zona rural, o que é provado pelo documento lançado em 2006, titulado “Estratégia Nacional de Prevenção ao Suicídio”, onde nenhum ponto aborda as especificidades das populações rurais expostas aos organofosforados.

No estado de Mato Grosso do Sul, a Secretaria de Estado de Saúde também não realiza nenhuma ação específica e a falta de conhecimento dos profissionais de saúde foi uma das dificuldades encontradas pelo pesquisador Dario Xavier. “Eu comecei ler, é uma coisa pouco conhecida, então procurei alguns médicos psiquiatras que trabalham nessa área. Mas eles não conheciam essa ligação entre organofosforado e depressão. Eu tive que levar artigos para discutir com eles e acho que isso pode sim prejudicar o atendimento”, avalia.

Notável desgraça

Tímida, ela nos cumprimenta com os olhos baixos e os braços cruzados. Antônia de Souza Lucas também vive na zona rural de Fátima do Sul, mas há alguns anos suas terras já não germinam nenhum tipo de semente. A dor talvez tenha sido a responsável pela decisão em arrendar o pedaço de terra de onde a família por tantos anos tirou o sustento.

Aos 64 anos, restaram-lhe poucos dentes e alguns sorrisos no rosto. As marcas da idade, do sol, da dor e do uso de agrotóxico também são notáveis. Dona Antônia transmite calma e até certa ternura. Ela fala pouco, observa bastante e procura não demonstrar os sentimentos que lhe trouxeram tanto amor e sofrimento.

Nasceu em Pernambuco, para onde nunca mais voltou desde os 15 anos de idade, e não sente vontade de voltar. “Aqui é bom. Melhor do que lá. Gosto daqui do jeito ta”, explica-se. Casou-se em Fátima do Sul, onde também ficou viúva. Foi seu único homem, pelo qual Antônia diz não guardar nenhuma saudade. Das lembranças do companheiro só restaram as noites em que chegava bêbado e brigava com ela e os filhos. “Se soubesse que ele era assim, eu nem casava”, conta a mulher que não entra em detalhes, mas demonstra parte do rancor que tem por um homem que a humilhou por muito tempo.

Dos quinze filhos que nasceram desse casamento, apenas cinco vivem hoje com ela. Esses são homens, solteiros e trabalhadores rurais. A família sobrevive com a aposentadoria que Antônia recebe, da quantia do arrendamento e da trabalho dos filhos, que nem sempre contribuem com as despesas da casa. Assim como o pai, todos são alcoólatras.

Coincidência ou fatalidade, três dos seus onze filhos se suicidaram e outros dois tentaram, mas não conseguiram se matar com agrotóxico. “Bugrão”, Mauro e Luiz encontraram a morte a poucos passos de casa, numa casinha que servia de depósito para as embalagens de veneno. Uma desilusão qualquer, o álcool, e a decisão estava tomada: era só entrar no local e escolher o gosto de sua morte.

Jonas, mais conhecido como “Burgão”, foi o primeiro a morrer. De acordo com a mãe, o filho tinha um “cabelo bem pretinho” e talvez se estivesse sóbrio não teria se matado. Tomou veneno e morreu em casa. Não deu nem tempo de ser socorrido, já que o corpo foi encontrado pela família quando ele já estava morto. “Discutiu na rua e foi lá e bebeu dois tipos de veneno. Bebeu e caiu ali no buraco. Ele queria ir longe pra morrer”, lembra dona Antônia.

Luiz foi o caso mais recente, chegou em casa à noite e passou direito para a casinha. “Ele era o mais novo e veio bebendo de uma festa que teve lá na 5 ª [linha]. Já tava meio chumbado, aí passou direito pra tuia, nem veio aqui em casa. Quando nós demos por fé ouvimos um gemido lá dentro, com a tuia fechada ainda, e tava cheinho de veneno. Eu tinha um algodãzinho lá embaixo que tava branquinho quando ele morreu. Ele passou o veneno nesse dia e depois que foi pra festa, veio e bebeu”, descreve Antônia sem manifestar dor. “O negócio foi tão forte que comeu a língua dele. Os outros beberam pouco e morreu logo, já esse ficou sofrendo”, completa.

Mauro não foi muito diferente. Fez o mesmo caminho dos irmãos e depois de ingerir dois tipos de agrotóxico ainda conseguiu caminhar alguns metros para chegar até a casa. “O Mauro foi assim, o irmão dele bateu no rádio dele e ele ficou brabo. Ai correu logo pra tuia. Eu nem vi, quando vi, já tinha bebido. Ele chegou aqui caindo e falou ‘Mãe, eu bebi veneno’. Foi lá pra cama e ficou lá. Aí chamamos um carro pra levar pra Fátima, mas quando foi um pouquinho já morreu”, conta a mãe.

Cecília misturou veneno líquido com farinha, comeu o prato inteiro, mas não morreu. “Na hora não deu nada, mas depois a gente teve que levar ela pra Campo Grande” relata Antônia. E o irmão Pedro completa: “Até hoje ela é meio atrapalhada”.

Outro que poderia ter ido pelo mesmo caminho que os demais foi Paulo, um dos mais novos. No início do ano, ele ficou bêbado e começou a dizer que a vida não tinha mais graça. Decidido, chegou a pedir que alguém passasse por cima dele com um trator, mas a solicitação felizmente não foi atendida.

Da história de “bebedeira” a mãe faz graça, como se aliviada ou acostumada com a presença da morte na família. Envergonhado, Paulo desmente, diz que não se lembra da tentativa de suicídio e muda de assunto. Enquanto isso, Antônia dá um sorriso leve e permanece encostada na porta da varanda de casa, cenário comum, não fosse a notável desgraça a que essa família teve que se acostumar.

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Crédito das imagens: Autora (Imagem da capa: Zona rural de Fátima do Sul)

Capítulo do livro: “Gosto de Veneno”

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