“Eu cresci aqui porque eu vinha com meu pai”

publicado na Ed_08_jul/set.2018 por

Torcedor de carteirinha desde os dois anos de idade, vice-presidente do Nacional Atlético Clube conta a relação do time com a companhia ferroviária SPR.

Edison Gallo, vice-presidente do Nacional Atlético Clube, sempre teve sua vida ligada ao clube ferroviário. Desde 1948, quando tinha dois anos, é torcedor de carteirinha e tem dedicado seus esforços à equipe logo quando começou a assumir funções nas dependências do time, o que faz dele um dos personagens mais significativos da história da agremiação.

“Como que eu cheguei ao Nacional? Como o presidente (Ayrton Franco Santiago) falou, o Nacional é um clube fundado pelos ingleses, pela SPR, São Paulo Railway. O meu pai era funcionário da ferrovia na época dos ingleses. E com isso, todo ferroviário era sócio e assim, me tornei dependente como sócio. Então, com dois anos de idade, eu já era sócio do Nacional”, declarou, ao ser perguntado sobre seu início no clube.

Reunido em uma das arquibancadas próximas ao campo do estádio Nicolau Alayon com a “Turma Braba” nacionalina, composta pelo presidente Ayrton Franco, Cláudio Aguirre e demais conselheiros, enquanto assistia atentamente à partida do Nacional contra o Taubaté, válida pela primeira fase da Copa Paulista de 2017, Gallo relatou brevemente como surgiu sua relação familiar e carinhosa com o clube da Rua Comendador Souza:

“Eu cresci aqui porque eu vinha com meu pai. Uma família ferroviária era como uma família mesmo, então, nós nos reuníamos, víamos os treinos especiais, íamos para Santos, vinha para cá. Era uma família. Era aquele grupo de ingleses que fazia muita questão disso. Tanto que nós morávamos em uma residência na Lapa onde 90% eram ferroviários. Então, havia essa comunicação. E no Nacional, eu vinha aqui brincar, jogar bola na quadra eu e o Ayrton”, afirmou.

Na época em que o Dr. Moacir Boscadin, que era o presidente do clube e médico da SPR, resolveu se abdicar do cargo, veio a seguinte dúvida: quem seria o novo mandatário?

“Eu e ele (Ayrton) ficamos conversando e ele sempre falava que queria ser o presidente do Nacional. Então, falei para o Ayrton: ‘você assume a presidência do clube e eu fico de primeiro vice-presidente e a gente se entende’. E assim foi. E aí eu comecei a me dedicar mais a parte amadora, social, enquanto que ele cuidava do futebol. E eu cuidava do futebol de salão, do basquete, do vôlei. Toda essa parte era comigo. Tinha escola de futebol. Eu que implantei essa parte”, descreveu.

“E lá no futebol, falei: ‘quero é ser corneta’. Apenas torcer mesmo”, brincou, logo em seguida.

Para quem gosta do Nacional como Edison Gallo, não existe tempo ruim. “Eu não vejo momentos difíceis. Prefiro falar de momentos de alegria e foram muitos”. Entretanto, há episódios lamentáveis envolvendo supostos casos extracampo, conforme revelou o dirigente.

Sobre a imprensa esportiva, acredita que a relação com o clube da Barra Funda “não prejudica, mas não ajuda”. Entretanto, há controvérsias, uma delas mencionada pelo próprio vice-presidente:

“Eu vou te falar um nome e se eu estiver errado, você me corrige. Você já ouviu falar naquele jornalista, o Renato Lombardi? Ele me ligou pedindo para que o neto dele fizesse um teste no sub-17, sub-18. Ele vai começar a fazer testes. Aí eu estava conversando com o Lombardi, que é daquela época. E ele me falou: ‘poxa, Gallo. Eu sou um dos poucos ainda que noticia… (o Nacional)’. Quando ele faz lá o placar da Bandeirantes, ele sempre tenta colocar o Nacional”. Contudo, ressaltou: “hoje se não é a mídia eletrônica, ninguém fala”.

“Eu mesmo procuro (a mídia). Poxa vida… e outra: eles (o pessoal da imprensa) vêm jogar aqui, eles alugam aqui na frente e vem falam que estavam no Nacional. O Neto, de vez em quando, nos programas da Bandeirantes, fala alguma coisa. Então, com isso, eles vão acabando com os clubes como o Nacional, Juventus, Portuguesa”, acrescentou.

Já o centenário do Nacional, na opinião de Edison, tem seu destaque. Porém, o vice-presidente tem como preocupação maior o resgate da importância de Charles Miller para o surgimento do time e, consequentemente, do futebol no Brasil.

“Nós estamos vendo, porque o que a gente quer mesmo é resgatar aquela data lá de trás (da primeira partida de futebol no país em 14 de abril de 1895) do Charles Miller. Então, se a gente for fazer um projeto agora, nós estaremos confessando isso. Mas eu particularmente posso dizer que 100 anos já passou. Já faz 122 anos. Vamos ver”.

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Legenda e crédito da imagem:  Edison Gallo não perde as esperanças de ver o clube de volta à elite estadual / Leandro Massoni

Capítulo do livro: Você confere esta entrevista completa no livro “Nacional – Nos Trilhos do Futebol Brasileiro”, disponível em: https://editoraflutuante.com.br/livraria/nacional-nos-trilhos-do-futebol-brasileiro/

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